30 de maio de 2011

As águas de maio no Bairro Jabotiana

O canal e as pistas da avenida Cel. Sizino da Rocha, no Santa Lúcia, completamente alagados

Em um único dia, 24 de maio, as chuvas torrenciais que caíram sobre Aracaju, foram na média para aquele mês inteiro. O aguaceiro causou transtornos enormes e por toda a parte.
            No Bairro Jabotiana o efeito foi retardado, em função das fortes chuvas terem caído também no interior, na área geográfica da sub-bacia do rio Poxim, nos municípios de Areia Branca, Itaporanga, São Cristóvão e Socorro. O volume de água excessivo foi trazido pelo leito do rio na madrugada e na manhã seguinte(dia 25). O Poxim transbordou e invadiu avenidas, ruas, casas e terrenos das áreas mais baixas dos conjuntos residenciais Sol Nascente, JK e Santa Lúcia, além de ter mantido “ilhados” vários condomínios. Enquanto na maior parte da cidade a água foi drenada em poucas horas, o Jabotiana ficou inundado até a quinta feira (26 de maio).
            É verdade que ninguém por aqui é culpado pelas chuvas em excesso, por se tratar de um fenômeno de alteração climática no Atlântico e na atmosfera. Não se tinha como evitar a enchente, contudo, seus efeitos poderiam ter sido minimizados, se não ocorresse tantas agressões ao meio ambiente natural no bairro citado, que se tornou uma segunda zona de expansão da cidade, com a construção civil avançando célere e descontrolada na direção do município de São Cristóvão.
Em outros artigos neste blog [jabotianaviva.blogspot.com] e na imprensa local, já fizemos alertas sobre os fatores potencializadores de enchentes no Bairro Jabotiana: a devastação dos manguezais ciliares do Poxim; o aumento do despejo de resíduos líquidos (água de esgotos) no rio; os aterros gigantescos dos alagadiços para onde as águas em excesso vazavam; depósitos clandestinos e criminosos de cascalho; e a impermeabilização gigantesca do solo com concreto, paralelepípedo e asfalto.
De 2007 para cá foram construídos e inaugurados dezenas de condomínios de casas e prédios no Jabotiana e nas proximidades, em um estilo de construção civil predador, que não respeita o meio ambiente natural do “último bairro verde de Aracaju”. Agora em 2011, não deu outra. Como em todos os anos anteriores: mais uma enchente.
            Neste episódio das águas de maio, Assistimos moradores apreensivos, na iminência de verem suas residências invadidas pelas águas, outros aflitos, por suas casas já estarem alagadas na madrugada angustiante de 24 para 25 de maio. 
A seguir, alguns depoimentos dolorosos de moradores nas conversas de esquina: “Não agüento mais trocar os móveis e equipamentos de minha casa”; “Minha mulher quer ir embora daqui”; “Saí de casa, de madrugada, carregando minha filha de 15 anos nos ombros e deixei tudo para trás”; “É horrível acordar de madrugada com a água invadindo a sua casa”; “Já tomei vários banhos hoje e ainda estou fedendo a esgoto”.
            Assistimos caminhões guinchos transportando vários carros para oficinas com os motores “engasgados” pela água.
A Escola Estadual “Manoel Franco Freire” (no Conjunto JK) talvez seja a unidade de ensino sergipana que mais sofreu enchentes e teve que deixar, mais uma vez, suas centenas de alunos sem aula, por causa do problema.
            Quando as águas baixaram na quinta feira, o problema não acabou. A lama mal cheirosa cobria tudo: ruas, calçadas e as residências. Temos que levar em conta os efeitos “invisíveis” em médio prazo, a exemplo de doenças de pele, de contaminações por ações de bactérias e fungos agressivos, entre outros perigos à saúde humana.
            A previsão meteorológica não é animadora: neste inverno poderá chover no litoral sergipano, Aracaju no meio, 45% a mais que a média histórica.
            Caros leitores, como a ironia é a defesa dos fracos, temos uma sugestão: comecemos a pensar na compra de canoas, lanchas e caiaques como meios de transportes alternativos.
            Falando sério. O poder público precisa promover políticas sustentáveis enérgicas e decisivas no Bairro Jabotiana, não obstante à pressão dos interesses econômicos de uma minoria que destroi coisas belas. Ou pagarão o preço da incredibilidade geral.

Rua Antônio Dorea da Silva invadida pelas águas do Poxim no Conjunto JK


Ruas de acesso aos novos condomínios ao oeste do Conjunto Santa Lúcia, tomadas pela água




21 de maio de 2011

A Audiência Pública do MP no Bairro Jabotiana

Diretores da Sociedade Jabotiana Viva conferenciando com o procurador Gilton Feitosa

O dia 20 de maio de 2011 foi histórico para o Bairro Jabotiana - BJ. Ali foi realizado o 1º Censo Social do Ministério Público do Estado de Sergipe e uma Audiência Pública com os procuradores. O evento aconteceu na EE “Manoel Franco Freire” (Conjunto JK).
            A solenidade de abertura do evento, promovido pelo MP Estadual, contou com a participação de diversas autoridades, lideranças e moradores do BJ. A Sociedade Jabotiana Viva esteve representada pelo presidente Jorge Moreira e pelo secretário Antônio Wanderley.
Durante a Audiência Pública, os dois diretores foram recebidos pelo procurador do Meio Ambiente Gilton Feitosa. Eles relataram as agressões ao meio ambiente no BJ, dando destaque ao crescimento descontrolado e predador da construção civil; as agressões e devastações aos manguezais e à mata atlântica das margens da estrada do Aloque; à poluição e enchentes do rio Poxim; aos incêndios provocados por pessoas inescrupulosas; aos aterros e depósitos de cascalho criminosos nas áreas verdes e nas águas (rio Poxim,  lagoa Jabotiana ou Areal e  lagoa Doce), entre outros.
Informaram também sobre os trabalhos e denúncias que realizaram nos últimos anos e sobre o Projeto “Construindo uma Jabotiana Saudável” realizado pela USF “Manoel de Souza Pereira”. Finalizaram entregando um dossiê ao procurador, contendo todas as edições do nosso informativo impresso “Jabotiana Viva”, recortes de artigos e reportagens denúncias, e cópias de documentos oficiais, além de um CD com mais de 600 fotos registrando os problemas ambientais sofridos pelo bairro.
            O procurador Gilton Feitosa falou que estava ciente de algumas dessas agressões, que conhecia bem o BJ, pois já fora morador do conjunto JK, e que achou muito importante o mesmo possuir movimento ambientalista. Lamentou o fato de a PMA não possuir um órgão ambientalista. Informou que vem tendo sucessivas reuniões com o secretário do Meio Ambiente Genival Nunes e revelou que ambos estão muito preocupados com os problemas ambientais do BJ. Por fim apresentou uma lista longa de denúncias, encaminhamentos e de ações do MP Estadual do Meio Ambiente junto a órgãos públicos, empresas e instituições que atuam no bairro.
            A Audiência terminou com trocas de contatos, num clima de extrema cordialidade e de sinceridade de ambas as partes.
            No entendimento do nosso Conselho Diretor, a ocorrência do 1º Censo Social e da Audiência Pública in loco no BJ, é uma consequência de todo um trabalho realizado por instituições e pessoas comprometidas com a cidadania e a verdadeira qualidade de vida no bairro, as freqüentes denuncias dos meios de comunicação social e as características ímpares do “último bairro verde de Aracaju”. Situações que sensibilizaram a instituição encarregada da defesa da legalidade e dos interesses do povo sergipano.
            Contatos do MP Estadual do Meio Ambiente. Fone: 3216 2400; e-mail: meioambiente@mp.se.gov.br

Aspecto da área externa da EE “Manoel Franco Freire” onde aconteceu a Audiência Pública


13 de maio de 2011

Dia do Rio Poxim

 Trecho do Rio Poxim no Bairro Jabotiana

A Câmara Municipal de Aracaju promulgou a Lei 4008 em 20 de janeiro de 2011 e sancionada pelo Executivo Municipal. O Projeto foi autoria do vereador Dr. Emerson, que inclui no Calendário Oficial do Município de Aracaju o Dia Municipal em Defesa da Sub-bacia do Rio Poxim no Território de Aracaju.
A iniciativa daquele parlamentar municipal foi apoiada pelo Conselho Local de Saúde do Bairro Jabotiana, na sua reunião ordinária de 24 de setembro de 2010.
A justificativa do Projeto foi a seguinte: “A tendência mundial é a preocupação com o meio ambiente. O controle da poluição e outras agressões  aos rios vem sendo discutido nos movimentos sociais (Projeto Construindo uma  Jabotiana Saudável), como também, nas políticas públicas. Visa este projeto estabelecer o Dia Municipal em Defesa da Sub-bacia do Rio Poxim na Área do Município de Aracaju, motivo pelo qual esperamos contar com o apoio dos nobres vereadores para aprovação da matéria”.
            A Lei determina que a data comemorativa em Defesa do Rio Poxim será sempre na terceira sexta feira de novembro de cada ano. A escolha desse dia foi em decorrência da IX Caminhada Ecológica do Bairro Jabotiana (drenado pelo rio Poxim), o maior evento ambientalista comunitário de Aracaju. A Caminhada é a culminância anual do projeto “Construindo uma Jabotiana Saudável” da USF “Manoel de Souza Pereira”.
            Uma vez instituído o Dia Municipal em Defesa da Sub-bacia do Rio Poxim, a municipalidade se compromete oficialmente em apoiar eventos e projetos que venham a promover a preservação do meio ambiente natural daquela sub-bacia, no território do município de Aracaju.