24 de julho de 2013
Lançamento do cordel “Jabotiana”
No dia 4 de agosto
(domingo) a partir das 11h, acontecerá no salão de eventos da Associação dos
Moradores do Jardim Sol Nascente e JK (AMJSNJK), o lançamento do cordel
“Jabotiana – o último bairro verde de Aracaju”, durante a comemoração do Dia
dos Pais, promovida pela entidade. Na oportunidade haverá música ao vivo com o
cantor Wellyson, bingo e oferecido um churrasco.
A publicação do cordel é de autoria
do primeiro secretário do movimento ambientalista Sociedade Jabotiana Viva,
sócio e coordenador do boletim informativo Jabotiana em Foco da AMJSNJK,
Antônio Wanderley de Melo Corrêa, que reside no bairro há 20 anos.
O Jabotiana Viva está apoiando o
lançamento do livreto na divulgação, enquanto a AMJSNJK cedeu gentilmente o seu
salão de eventos.
O cordel “Jabotiana – o último
bairro verde de Aracaju” contém 16 páginas, nas dimensões 20,5 x 15 cm, com 80
estrofes de seis versos (sextilhas) na rima xaxaxa. O poema versa sobre
aspectos históricos, ambientais, culturais e cotidianos do Bairro Jabotiana.
O autor se baseou em depoimentos de
moradores antigos, na simples observação “de campo” e em artigos, TCCs e
matérias da comunicação social que ele e outras pessoas produziram nos últimos
anos. E como o próprio informou:
Todo esse repertório de informações me inspirou na
construção dos versos do livreto. Mas, por que o cordel? Porque sou fascinado
por esta literatura poética popular tão rica e típica da nossa região. Tentei
ser fiel à sua tradição ao tentar escrever em linguagem regional, forçando a
rima, com alguma fantasia, exagero e humor. Também tentei ser atual, escrevendo
sobre um tema urbano e ambientalista e editando como a tecnologia do momento
permite. Não segui a métrica dos versos poéticos de sete sílabas, pois ainda
sou um aprendiz da poesia cordelista. O propósito maior foi criar um produto
impresso para divertir, informar e educar sobre o último bairro verde de
Aracaju.
Este é o segundo título do autor. O
primeiro foi “Origem do Bairro América”, produzido artesanalmente em 2012.
Antônio Wanderley pretende lançar outros livretos de cordel no futuro próximo,
sobre temas tradicionais do gênero literário, sobre aspectos e vivências da sua
infância de menino do interior e sobre outros bairros de Aracaju. Ele revelou
que, no momento, está trabalhando em dois títulos.
Uma das primeiras estrofes do
livreto a ser lançado é a seguinte:
O seu
nome ‘Jabotiana’
É de
origem da língua Tupi
O
significado é muito bonito:
‘Onde
nasce o jabuti’
Se
você quer saber de tudo
Então
leia esses versos aqui.
6 de julho de 2013
“JABOTIANA” um poema
O
historiador sancristovense Thiago Fragata, em suas garimpagens pelos arquivos
sergipanos, nos brindou com um grande achado, um poema sobre o Jabotiana de
Dermerval Mangueira, que foi Inspetor de Diversões Públicas da Prefeitura de
Aracaju, publicado no jornal “Diário de Sergipe” no final dos anos 1950.
Preservamos a grafia original no sentido de respeitar a criação artística.
Além do
valor artístico-literário, o poema nos informa sutilmente sobre as belezas
naturais e o processo de apropriação da atual zona oeste de Aracaju há mais de
meio século. Um verdadeiro documento histórico, produzido por um homem sensível
e apaixonado pelo ambiente natural. Numa época na qual, devastar e poluir eram
sinônimos de progresso e de desenvolvimento.
JABOTIANA
Dermerval
Mangueira*
Estes versos que agora estou cantando,
São aqueles que eu não sabia exprimir
Aqueles tempos de menino...
Quando eu recebia os teus carinhos...
Quando eu me alimentava com o teu sorriso
verde;
Quando eu me sentava à beira do teu rio,
E êle, de braços abertos,
Deixava-me ver o azul do céu lá no fundo!
O azul era tão bonito, tão lindo,
Que, muitas vêzes tive ímpeto de correr,
De entrar nas suas entranhas
Para me abraçar com aquele céu!...
- Ah! eu precisava tanto daquele céu para
morar
Naqueles tempos,
Era um heroi...
Pegava os primeiros raios da aurora.
Todos os dias,
Para colocá-los dentro dos meus olhos.
Não temia a escuridão da noite!
Nada me infundia pavor!
Agora, vivo desdobrado.
Cheio de mêdo;
Mêdo do tempo,
Mêdo dos homens que absorveram a terra!
Mêdo dos homens que escravizam os homens!
JABOTIANA,
Eras pluralizada naquêles tempos
De meu pai,
De minnha mãe,
De todo mundo...
Hoje, estás singularizada,
Os homens maus enxotaram a tua gente,
Gente mansa,
Gente dócil,
Gente bôa.
Mas um dia, JABOTIANA,
Voltarás a ser simples e pura
Como nos dias que se foram.
E lá, decerto, estarei;
- Nas fôlhas sêcas das campinas,
Nas pedras empoeiradas das estradas,
Nas águas tranqüilas de teu rio.
*Diário de Sergipe.
Aracaju: 26 de junho de 1959. P. 03.
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