7 de dezembro de 2010

A Colina do R6: o mais belo olhar do Bairro Jabotiana

A Colina do R6 vista do campo de futebol do conjunto Sol Nascente

Antônio Wanderley de Melo Corrêa**

                A zona oeste de Aracaju, próxima à fronteira com São Cristóvão, é constituída de uma topografia peculiar, ocorrendo morros e pequenas chapadas de formação barreiras. São muito característicos nos bairros Jabotiana, São Conrado (nas proximidades do conjunto Orlando Dantas) e no Santa Maria.
            Até o final da década de 1970, o Bairro Jabotiana (conjuntos Sol Nascente, JK, Santa Lúcia, comunidades Largo da Aparecida, rua Jabotiana, o povoado Aloque, além de muitos condomínios residenciais) possuía majestosos morros de barro vermelho, os quais podiam ser contemplados na antiga avenida Contorno, atual Tancredo Neves.
            Aqueles barreiros altos foram sendo desmontados para o uso em aterros e para darem espaço à construção civil. Um dos poucos remanescentes é a colina onde foi instalado o Reservatório Apoiado – R6 da Deso, que abastece de água potável vários bairros de Aracaju.
            A Colina do R6 localiza-se ao norte do conjunto Santa Lúcia. Seu acesso é pela rua Jabotiana (Também conhecida como “Jabotianinha”), a mais antiga comunidade daquele bairro. Chega-se ao topo do morro por uma estrada íngreme e estreita, pavimentada com paralelepípedos, que contorna suas encostas leste e norte, terminando em um pequeno estacionamento ao oeste, atrás das câmaras de armazenamento de água.
Ali, na direção do poente, se tem uma visão magnífica para a fronteira com São Cristóvão: matas, sítios e chácaras com árvores frutíferas e ao longe, a silhueta azulada da Serra de Itabaiana.
Conduzindo o olhar em direção ao norte, mais belezas: o Rio Poxim com seu manguezal exuberante, a linda Lagoa do Areal, o campus da UFS, o Morro do Macaco no fundo da Rodoviária Nova e vários bairros da zona norte.
Indo para o extremo leste do topo daquele mirante, o visitante se depara com a “selva de pedra” da capital sergipana, os muitos edifícios em formação cerrada, a guisa de uma barreira de concreto gigantesca. A vista alcança a ponte Aracaju – Barra dos Coqueiros e no último plano, a linha do oceano.
Na direção sul, no primeiro plano, os conjuntos residenciais do Bairro Jabotiana, seu verde ainda abundante, a Colina da Saudade e outra visão do Poxim, separando o Sol Nascente/JK do Santa Lúcia. Mais adiante as fábricas do D.I.A.(Bairro Inácio Barbosa), o conjunto Orlando Dantas e parte do Santa Maria.
A única viv’alma da Colina do R6 é o vigilante solitário, discreto e receptivo, com seus cachorros mansos e amigueiros.
O topo daquele morro é vasto e aplanado. Lá existem alguns cajueiros baixos e frondosos. Com sorte, o visitante poderá saborear um caju doce. A brisa marinha sopra forte e constante, refrescando o ambiente. O sol banha tudo com sua luz, intensificando as cores e formas naturais e os artefatos dos humanos aracajuanos e sancristovenses. Embaixo, o verde é mais verde, o azul é mais azul e as águas são espelhos do céu.
O entardecer é magnífico: uma explosão de luz alaranjada banhando de ouro as nuvens lilases. Um espetáculo da natureza que faz os românticos suspirarem, e tocar fundo os corações sensíveis, diante do convite silencioso de Deus a viverem e a amarem.
Nas noites azuladas de verão, a lua cheia parece maior, sua luz é mais intensa, clareando de prata as águas a as matas do Jabotiana e de São Cristóvão, enquanto a cidade, ainda acordada, fervilha numa profusão de luzes, disputando brilho com as estrelas, que mais parecem flores no céu.
Por fim, alguns depoimentos espontâneos colhidos da memória: “Eu não quero sair mais daqui!”; “Pai, aqui é massa!”; “Que coisa mais linnnda!”.
Quem já foi ao mirante da Colina do R6, quer voltar outras vezes. Quem nunca foi não sabe o que está perdendo. Ou melhor, agora sabe!

*Artigo publicado no Jornal do Dia em 28 fev. 2009. Pg. 04.
** Professor de História das redes pública estadual (SEED) e municipal (SEMED/PMA). 


3 comentários:

Wanderley, não conhecia esse seu artigo. Magnífica sua descrição. Também nunca estive no alto da colina do R6. Mas confesso que sempre sonhei em um dia visitá-lo e apreciar a bela paisagem que aqui vc descreve minuciosamente. Inclusive, há poucos dias atrás, comentei com minhas filhas que pretendo, nas férias, fazer um passeio de bicicleta acompanhado por elas chegando-se até a colina. Joseilton
 
Belo texto, Wanderley. Beira o poético.

Queria saber se o acesso a essa colina é livre a qualquer pessoa e em quais horários, pois sempre tive muita vontade de conhecer esse lugar.

Abraço!
 
Bom Dia Sr. Wanderley,
me chamo Agricimara e estou dando inicio a um projeto para a destinação dos residuos solidos no Conj. Sol Nascente, estudo no IFS antigo CEFET, 3º periodo do Curso Tecnologo em Saneamento Ambiental, se possivel gostaria de obteralgumas informações sobre a história do Bairro Jabotiana, acho que esse projeto vai somar forças com a sua Sociedade Jabotiana VIVA o meu email é: agricimara@gmail.com
 

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