5 de outubro de 2012

A votação do uso do solo urbano na Câmara Municipal de Aracaju: implicações para o Bairro Jabotiana



  A emenda 1/2012, que sugeria a inclusão do limite de até três no índice de aproveitamento do solo urbano no município de Aracaju, na Lei Orgânica/LO foi rejeitada na sessão de 16 de agosto. Apenas quatro vereadores votaram a favor, enquanto 13 votaram contra (ver quadro ilustrativo acima, produzido pelo Fórum de Defesa da Grande Aracaju/FDGA). A emenda foi sugerida pelo vereador Dr. Emerson (PT) e Bertulino Meneses (PSD) e apoiada pelos vereadores Moritos Matos (PDT) e Nitinho (DEM).
            Os vereadores que votaram a favor argumentaram que o objetivo da emenda na LO é o conforto da população, porque certos empreendimentos que não levam em conta a urbanização sustentável influenciam na baixa qualidade de vida dos moradores da capital.
            Os que votaram contra, defendem que os valores dos terrenos e dos imóveis irão subir dificultando o acesso à casa própria por parte das pessoas mais carentes.    
            Entretanto, as zonas da cidade onde se localizam os bairros onde habita a população de baixa renda, prevalecem o índice um, por já serem áreas densamente ocupadas. 
            Quanto menor o índice de aproveitamento do solo urbano, mais elevada será a quantidade de domicílios numa área determinada. Exemplo: maior número de apartamentos em um espaço menor do terreno. Quanto mais apartamentos, mais vendas, mais lucro das construtoras e imobiliárias.
            Percebe-se que tanto os que votaram a favor quanto os que votaram contra o índice três de aproveitamento do solo urbano de Aracaju são de partidos que apóiam e que fazem oposição o governo municipal. Ou seja, parlamentares do mesmo partido votaram uns ao oposto dos outros, demonstrando compromissos divergentes no interior das siglas partidárias.
Segundo dirigentes do FDGA, o interesse que levou 13 vereadores a rejeitarem o índice três foi estritamente econômico: “a pressão do mercado imobiliário em época de campanha eleitoral. É a lógica do mercado, sem nenhuma sensibilidade ambiental”.
Observando o comportamento dos parlamentares nas votações sobre o solo urbano de Aracaju, percebe-se claramente que a grande maioria não aprova nada que contrarie os interesses daquele setor tão poderoso. E o placar é sempre de 14 X 4. Uma verdadeira “tropa de choque”.
            Grande número de moradias em um espaço pequeno significa mais agressão ao ambiente e consequentemente às pessoas.
Diante desta atitude política dos “representantes do povo”, os moradores do Bairro Jabotiana, na Zona Oeste da cidade, que sofre desde 2007 um vertiginoso crescimento imobiliário e demográfico, assistem a uma dinâmica de expansão devastadora, oposta a tudo que possa ser chamado de sustentável do pondo de vista ambiental e social: a multiplicação sem limites do número de domicílios implica em mais resíduos líquidos (esgoto) despejados no rio Poxim, maior produção de lixo, intensificação do trânsito (congestionamentos, acidentes, poluição sonora e do ar), mais impermeabilidade do solo e mais enchentes, além do isolamento das pessoas e a perda gradativa da convivência comunitária, tão característica naquela área.
Nesta eleição municipal que se aproxima, é fundamental que o eleitor tenha a compreensão clara da importância do seu voto como fator decisivo para o futuro de sua cidade e de seu bairro.

Trânsito congestionado na Av. Cesartina Régis (Sol Nascente/B. Jabotiana) em set. 2012: consequência do crescimento imobiliário desordenado
Arquivo: Sociedade Jabotiana Viva

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