6 de novembro de 2010

Poxim: um rio que morre

O rio Poxim, extremamente poluído, cruzando o Bairro Jabotiana próximo à “Ponte Velha”

O rio Poxim Açu nasce na Serra dos Cajueiros no município de Itaporanga. O qual compõe uma sub-bacia da bacia do rio Sergipe, formada por quatro rios: Poxim Açu, Poxim Mirim, Pitanga e Poxim, além de muitos riachos. Os dois primeiros se unem no município de São Cristóvão e daquele ponto em diante ocorre o rio Poxim.
            O rio Poxim entra no território do município de Aracaju a partir do Bairro Jabotiana, enquanto um trecho do rio Pitanga cruza pelo sul o mesmo bairro. Além desse, o Poxim drena os bairros Inácio Barbosa, São Conrado, Farolândia, Jardins e Coroa do Meio, onde se encontra com o rio Sergipe. A extensão do leito do rio em sua área estuarina é de 09 km.
            O rio Poxim é considerado o mais poluído de Sergipe [“Rio Poxim é hoje o mais poluído do Estado”. s/autor. Correio de Sergipe. Cad. Correio Urbano. Aracaju: 07 out. 2008. Pg. A8]. A sua sub-bacia sofre quase todas as formas possíveis de degradação, a saber: lançamento de esgotos industriais e domésticos (Inclusive óleo de cozinha.) no solo e nas águas, exploração de areia no leito do rio, retirada de argila, exploração madeireira, focos de lixo nas águas e no solo, aterro de vazantes para a construção imobiliária, devastação das matas ciliares, ravina (Torrente de água em barranco que provoca erosão) e voçoroca (desmoronamento resultante de erosão provocada pela água). [“Diagnóstico e avaliação da sub-bacia hidrográfica do rio Poxim”. Equipe Técnica Multidisciplinar da Universidade Federal de Sergipe, dezembro de 2006. pgs. 119 e 120].
Um dado: Um litro de óleo polui irremediavelmente 10 mil litros de água. Aquele resíduo vai para o esgoto, que é lançado no rio. Em vez de derramar o óleo na pia, a sugestão é depositá-lo em um recipiente de plástico e quando este estiver cheio, for doado para fabricantes (industriais ou artesanais) de sabão ou sabonete. Eles saberão o que fazer com o resíduo, sem degradar o meio ambiente.
            Por fatores históricos e culturais – terríveis - grande partes dos brasileiros e dos sergipanos têm o hábito de jogar tudo que lhe é indesejável nos rios: pneus, lixo, tampa de privada, fezes, móveis velhos, cadáveres de animais e até de gente. O rio é o lixão e a fossa de quase todos. Se um dia o leito do rio Poxim vier à tona, teremos um espetáculo sinistro, digno da paisagem do Inferno de Dante. É profundamente lamentável e vergonhoso esse costume. Os que agem assim, são os mesmos que necessitam vitalmente de suas águas. Uma insanidade, portanto.
            Os ambientalistas, com precisão e clareza, advertem: Jogue no rio apenas o que o peixe come.
            Mesmo com tamanha agressão, o Poxim fornece 30% da água consumida no município de Aracaju. Segundo o Diagnóstico citado, o tratamento realizado pela Deso, da água captada daquele rio, não elimina todas as impurezas.
            O Poxim contribui para o abastecimento de água da grande Aracaju através do Sistema Cabrita, desde 1906, e do Sistema Poxim, a partir de 1958. (“A Bacia Hidrográfica do Rio Poxim”. Ailton Francisco da Rocha. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos/Superintendência de Recursos Hídricos). Em períodos de longa estiagem o regime das águas da sub-bacia desce a níveis mínimos, impedindo a captação do líquido precioso e seu consumo por parte dos aracajuanos. Daí o racionamento. E é nessa hora que percebemos o quanto o rio é importante.
            Diante do quadro aterrador, surge a pergunta: o que fazer? São necessárias ações urgentes, para ontem: tratamento da rede de esgotos que afluem para suas águas; campanha de conscientização junto às populações ribeirinhas; leis mais severas para pessoa física e jurídica, instituição pública ou privada que venha a poluir suas margens e águas, consumir a água tratada com abuso e causar danos ou destruição às suas matas ciliares; os Poderes Constituídos elegerem e legalizarem o tombamento da sub-bacia do rio Poxim como Patrimônio Paisagístico e Ambiental de Sergipe.
             
*Artigo publicado no Jornal do Dia, 20 mai. 2009. Pg. 04.

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